Alcobaça – Portugal

Ocupando um ponto privilegiado na confluência dos rios Alcoa e Baça, imponente no tamanho, austero em sua serenidade e incrivelmente belo no detalhes, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça é considerado Patrimônio Histórico pela Unesco e é visita obrigatória para quem vai para Portugal. É no Mosteiro de Alcobaça que se encontram os túmulos de D. Pedro I (1320-1367) e de Inês de Castro (1320-1355), protagonistas de uma das mais conhecidas histórias de amor da Idade Média europeia.

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O mosteiro é constituído por uma igreja ao lado da sacristia e, a norte, por três claustros seguidos, sendo cada um circundado, na sua totalidade, por dois andares, assim como também por uma ala a sul. Os claustros, inclusive o mais antigo, possuem, igualmente, dois andares. Os edifícios à volta dos claustros mais recentes possuem três andares. Entre 1998 e 2000 foi descoberto um presumível quarto claustro no lado sul da igreja. Este claustro foi, provavelmente, aplanado na sequência da destruição causada pelo terremoto de 1755 e da grande inundação de 1772.

 

Com uma área geográfica de 408 quilômetros quadrados, Alcobaça pertence ao distrito de Leiria e à Associação de Municípios do Oeste. Situado entre os conselhos de Caldas da Rainha e Nazaré, Alcobaça dista cerca de dez quilômetros do oceano Atlântico e a 100 de Lisboa. Casa mãe da Ordem de Cister em Portugal, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, ou simplesmente Mosteiro de Alcobaça, é um dos mais importantes testemunhos cistercienses em toda a Europa.

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Erigido pelos monges de Cister entre 1178 e 1254, a abadia foi construída à semelhança da casa mãe da Ordem de Cister em Claraval, França. Em Portugal, foi o coração dos conjuntos monásticos cistercienses e um polo de desenvolvimento nevrálgico durante a primeira dinastia.
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O conjunto monástico foi o primeiro edifício português a ser construído com influências góticas, tendo sido redecorado e reconstruído nos estilos gótico superior e manuelino ao longo de séculos. Sendo a maior obra do primeiro gótico nacional, a abadia cisterciense possui cerca de 220 metros de comprimento e é formado por três corpos: a Igreja, cuja fachada atinge os 43 metros de altura; as Alas Norte e Sul, onde se situavam os aposentos dos reis e da corte em visita; e as residências do Abade e dos Monges.

 

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A entrada na igreja em si, onde estão os túmulos, é gratuita, mas a visita à parte interna do mosteiro é paga. Caso não tenha muito tempo, visite ao menos a igreja e os túmulos, pois eles já fazem com que a visita valha a pena.

 

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É graças ao Mosteiro de Santa Maria que a vila tem uma vida – uma vida provinciana, é verdade. Com o intenso fluxo turístico, porém, foram aparecendo restaurantes, hotéis e um comércio ainda tímido. Vale a pena fazer um “pit-stop” rápido na região para conhecer estas joias. O caminho entre uma e outra é de casinhas bem pintadas e decoradas com jardins, sobe-e-desce de colinas, campos verdes e estradinhas onde muitas vezes não se pode ultrapassar os 50 quilômetros por hora. No conselho de Alcobaça há fabricas de olaria, cerâmica, vergas, juncos, lenços, toalhas, tapeçarias e cutelaria.

Em 7 de Julho de 2007 o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal. Em 1834 os monges foram obrigados a abandonar o mosteiro, na sequência da expulsão de todas as ordens religiosas de Portugal por Joaquim António de Aguiar, um inimigo da Igreja.

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Túmulo de D. Pedro I

D. Pedro I casou em 1336, em segundas núpcias, com D. Constança Manuel (1318-1345), uma princesa castelhana. Devido a várias guerras entre Portugal e Castela, D. Constança só chegou a Portugal em 1339.  No seu séquito, ela trazia a camareira Inês de Castro, que provinha de uma antiga e poderosa família nobre castelhana. D. Pedro I apaixonou-se por ela.  Em 1345, D. Constança morreu catorze dias após o parto do seu filho sobrevivente, D. Fernando I. D. Pedro I passou a viver publicamente com D. Inês, nascendo desta relação três filhos. O pai de D. Pedro I, D Afonso IV, não aceitou esta relação, combatendo-a e, em 1335, condenou D. Inês à morte por alta traição. Após subir ao trono, D. Pedro I vingou a morte da sua amada (afirmando ter-se casado com ela em segredo no ano de 1354) e decretou que se honrasse D. Inês como rainha de Portugal.

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Quando em 1361 os sarcófagos estavam prontos, D. Pedro I mandou colocá-los na parte sul do transepto da igreja de Alcobaça e trasladar os restos mortais de D. Inês de Coimbra para Alcobaça, sob o olhar da maior parte da nobreza e da população. No seu testamento, D. Pedro I determinou ser enterrado no outro sarcófago de forma a que, quando o casal ressuscitasse no dia do Juízo Final, se olhassem nos olhos (de acordo com as fontes, só existiria o pedido de ser lida diariamente uma missa junto aos seus túmulos).

Amor eterno

No dia 1 de Agosto de 1569, o rei D. Sebastião I (1554-1578), cujo tio era o cardeal D. Henrique, abade de Alcobaça, mandou abrir os túmulos. De acordo com os relatos de dois monges presentes, enquanto os túmulos eram abertos, o rei recitava textos alusivos ao amor de D. Pedro e de D. Inês. Durante a Invasão Francesa do ano de 1810 os dois túmulos não só foram danificados de forma irreparável, como ainda foram profanados pelos soldados. O corpo embalsamado de D. Pedro foi retirado do caixão e envolvido num pano de cor púrpura, enquanto a cabeça de D. Inês, que ainda continha cabelo louro, foi atirado para a sala ao lado, para junto dos outros sarcófagos. Os monges reuniram posteriormente os elementos dos túmulos e voltaram a selá-los. Após o ano de 1810, os túmulos foram sendo colocados em vários sítios da igreja, para voltarem à sua posição inicial no transepto, frente a frente, em 1956. Agora, os túmulos são o destino de muitos apaixonados, que muitas vezes os visitam no dia do seu casamento, para fazerem juras de amor eterno e de fidelidade defronte aos dois túmulos.

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Os túmulos de D. Pedro I (1320-1367), com o cognome O Terrível ou também O Justo, e o de D. Inês de Castro (1320-1355), que se encontra em cada lado do transepto, conferem, ainda hoje atribuem um grande significado e esplendor à igreja. Os túmulos pertencem a uma das maiores esculturas tumulares da Idade Média. Quando subiu ao trono, D. Pedro I tinha dado ordem de construção destes túmulos para que lá fosse enterrado o seu grande amor, D. Inês, que tinha sido cruelmente assassinada pelo pai de D. Pedro I, D. Afonso IV (1291-1357). Este pretendia, também, ser ele próprio ali enterrado após a sua morte. As cenas, pouco elucidativas, representadas nos túmulos, ilustram cenas da História de Portugal, são de origem bíblica ou recorrem simplesmente a fábulas. Por um lado, esta iconografia é bastante extensa, sendo, por outro lado, muito discutível.
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Este Mosteiro é uma parada obrigatória para os que gostam de arquitetura e de histórias de amor, pois foi escolhido como o local do descanso eterno de dom Pedro e dona Inês, o “Romeu e Julieta” português. Os túmulos estão lá perto do altar, um em frente ao outro para que, segundo a lenda, «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final.»


Dentro do Mosteiro
, realmente o destaque para os túmulos de D. Pedro e Dna. Inês de Castro, uma história de amor comovente contada por Camões nos Lusíadas impressiona: a de um rei, que enquanto príncipe não pôde se casar com sua amada, por oposição do seu pai. Quando esta foi morta por enviados de seu pai, D.Pedro se rebelou contra este, e após a morte do Rei, mandou prender e arrancar o coração dos carrascos. E uma vez nomeado Rei, mandou coroar Inês de Castro rainha de Portugal, mesmo morta, fazendo com que todos beijassem a sua mão. E principalmente, mandou fazer os túmulos de cada lado do mosteiro, frente a frente para poderem se encontrar nesta posição no dia do Juízo final. Misto de história e lenda, mas é fato que os túmulos estão lá, esperando ainda esse dia do reencontro. Feitos com calcário da região de Coimbra, os túmulos têm autor desconhecido. De um lado estão os restos mortais de Inês de Castro e do outro, repousa o corpo de D. Pedro I que veio a falecer em 1367, 12 anos depois da sua amada. Nas bases da arca de Inês estão os bustos dos três assassinos e há representações da Infância e Paixão de Cristo, o Calvário e o Juízo Final. Já a própria Inês é retratada coroada de rainha.

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Jardim das Murtas: Contíguo à sacristia fica o Jardim das Murtas, onde em 1690 foi construída a capela de Nossa Senhora do Desterro, com uma bela fachada barroca. A parte térrea do claustro foi mandada construir por D. Dinis, e é o mais antigo claustro cisterciense de Portugal. Do lado norte do claustro, e ligado a ele, situam-se o refeitório com um púlpito, com uma escada na parede, e a ampla cozinha onde se assavam reses inteiras. No século XVIII, entre o muro do Mosteiro orientado a sul e o próprio Mosteiro encontravam-se jardins imponentes, os Jardins Franceses. Destes jardins ainda existe um poço em forma de elipse e um obelisco, que datam provavelmente das modernizações iniciadas no século XVI, sob a influência do barroco, na parte ocidental. Os visitantes do século XVIII louvavam estes jardins. A Levada fluía através destes jardins. Nas margens da Levada existiam quatro locais com poços, que eram locais de ensino aos noviços. O último destes locais conservou-se com o seu poço.

 

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Ao entrar na igreja, você se depara com um corredor gigante cheio de colunas em formato de abóbodas a mais de 20 metros de altura. Durante o passeio você encontrará refletida no chão a sombra das rosáceas – um estilo arquitetônico típico do estilo gótico.

 

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Além dos lindos túmulos do casal, vale a pena visitar a cozinha (que possui um córrego passando pelo meio dela, onde os monges pescavam), o Claustro do Silêncio e a Sala dos Reis, com estátuas de quase todos os reis portugueses. Tente fazer a visita guiada, mas se não der, não esqueça de pegar um mapinha antes de começar a visita, pois o lugar é enorme e se “perder” lá dentro não é raro de acontecer

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Na Sala dos Túmulos, em neo-gótico, ficam os túmulos de algumas rainhas e príncipes. No transepto da Igreja encontram-se duas das mais belas obras da arquitectura tumular do séc. XIV: os túmulos de D Pedro e D. Inês de Castro.

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O Mosteiro de Alcobaça começou a ser construído em 1178. Ao longo dos séculos seguintes várias reformas e acréscimos foram sendo realizados e o complexo virou uma mistura de estilos arquitetônicos, com predominância do gótico, mas com toques manuelinos e barrocos, como a linda fachada do edifício.

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É preciso compreender o motivo de tanta simplicidade interna desta igreja emforma de cruz latina. A atual fachada é do século XVIII, restando do gótico primitivo o portal de arcos ogivais e o arco da rosácea. A concepção arquitetônica deste notável monumento, desprovida de decoração e sem imagens, como ordenava a Ordem de Cister, apresenta grandiosidade e beleza indiscutíveis.

O piso superior do claustro, o Sobreclaustro, foi acrescentado à construção posteriormente, no século XVI, e por isso ostenta um estilo arquitetônico diferente, com traços manuelinos. Lá ficavam os dormitórios, mas a maior atração quando se sobe as escadas talvez seja a vista do jardim e da lateral da igreja que se tem lá de cima.

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No período barroco colocaram as estátuas dos reis de Portugal e as paredes ganharam painéis de azulejos rococós. O lindo mural conta a história da fundação mítica e lendária do Mosteiro de Alcobaça.

O primeiro claustro e a igreja foram possivelmente completados em 1240. No entanto, é provável que o claustro se tenha desmoronado. Entre 1308 e 1311 ele foi substituído pelo ainda hoje existente Claustro de Dom Dinis ou Claustro do Silêncio, nome que se deve à proibição de conversação naquele tempo nesse local. O seu comprimento à volta é de 203 m e o seu rés-do-chão tem uma altura média de 5 m. Por ordem do rei D. Manuel I (1469-1521), no início do século XVI, foi adicionado um segundo andar ao claustro. O acesso ao piso superior do claustro efetua-se por um púlpito, uma escada em caracol na parede, interligando também a cozinha ao dormitório.

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REFEITÓRIO

A oeste e ao lado da nova cozinha encontra-se o Refeitório, a sala de jantar dos monges brancos. O Refeitório era constituído por um pavilhão com três naves. Por cima da entrada encontra-se uma inscrição em latim de difícil interpretação: respicte quia peccata populi comeditis (lembrem-se que estão a comer os pecados do povo). A sala impressiona pelas suas proporções harmônicas, possuindo janelas tanto do lado norte como a leste. Do lado oeste, uma escada de pedra conduz ao púlpito do leitor, que lia textos da Ordem durante as refeições. Os monges sentavam-se com os rostos virados para a parede e tomavam a sua refeição em silêncio. O abade estava sentado com as costas viradas para a parede a norte e observava a sala. No lado oeste da ponta a sul, o Refeitório abria-se para a antiga cozinha medieval, hoje uma sala lateral, que conduz ao claustro de D. Afonso VI. Alguns metros à frente, encontra-se na mesma parede uma abertura de dois metros de altura e 32 cm de largura, que conduz à sala, não existindo nenhuma explicação científica para ela. De acordo com uma lenda, esta abertura destinava-se ao controle do peso dos monges. Uma vez por mês, os monges tinham de passar por esta porta, o que só era possível fazendo-o de lado. Se, devido ao excesso de peso, os monges não conseguissem passar pela abertura, eram obrigados a fazer dieta. Os danos causados pela transformação em 1840 do Refeitório num teatro (com 301 lugares, dos quais 120 nas galerias e 5 camarotes) foram remediados durante a sua restauração. Veja o site oficial CLIQUE AQUI.

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Como chegar em Alcobaça?
O ideal é mesmo ir de carro, seguindo pela estrada A8 em direção a Leiria, mas há ônibus de Lisboa direto para Alcobaça. A rodoviária da cidade fica a 2 km do monumento e a viagem dura quase 2 horas. Consulte horários e valores no site da Rede Nacional de Expressos. E para aqueles que não vão de carro, mas também não querem ir por conta própria, saibam que existem diversas excursões para lá, geralmente combinadas com Fátima e Batalha.

Passear pelas ruas desta cidade é muito gratificante. Saiba que o  melhor miradouro da cidade e dos seus campos adjacentes encontra-se no morro do castelo em ruínas. Nos seus arredores oferecem belas panorâmicas o adro da Capelinha de Santa Rita, na serra do Monte em Coz; o lugar de Montes; a capela de Santo António, em São Martinho do Porto; e a Portela do Pereiro, no cimo da serra dos Candeeiros.

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Alcobaça cresceu em redor de um castelo árabe e, depois, de um mosteiro cristão: entre os dois, um emaranhado de ruas de aspecto medieval ornamentadas de igrejas como a da Misericórdia e a de Nossa Senhora da Conceição recorda-nos a sua história antiga. Sendo a maior igreja de Portugal, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça exibe uma arquitetura medieval simples e elegante.

Gastronomia

Também em frente ao Mosteiro de Alcobaça, o turista conta com diversos cafés com esplanadas, onde se pode sentar-se para apreciar a paisagem, ver o tempo passar e olhar a grandiosidade do Mosteiro, bem como o trabalho arquitetônico realizado há mais de 1.000 anos por artistas natos; numa época onde os recursos eram poucos, porém o amor pela arte, grande!!!!! Saiba que o  prato típico da região de Alcobaça é o frango na púcara: um frango guisado aos pedaços com bastante molho de receita secreta, mas que inclui cebolinho, acompanhado de arroz branco e batatas fritas. No campo da doçaria há a destacar: trouxas de ovos, delícias de Frei João e Pudim de ovos do mosteiro de Alcobaça. E o pão-de-ló de Alfeizerão (conhecidíssimo), já em 1906 referenciado por M. Vieira Natividade no seu opúsculo Alcobaça d´Outros Tempos.

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 Todos os anos decorre uma Mostra de Doçaria Conventual e Tradicional, que para além de Alcobaça conta com representações do país e do estrangeiro, nomeadamente de Braga, Arouca, Louriçal, Alentejo, Espanha e França. O licor de ginja de Alcobaça é também muito apreciado pelos visitantes da cidade, tendo vindo a ser produzido desde 1930. Uma dica extra: se você gosta de doces, não deixe de fazer uma paradinha estratégica na Pastelaria Alcôa, que fica bem em frente ao mosteiro, pois a sua doçaria é espetacular!

Horário de Funcionamento:

De outubro a março: das 9h às 17h (entrada até as 16h30)
De abril a setembro: das 9h às 19h (entrada até as 18h30)
Fechado nos dias 1º de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1º de Maio e 25 de Dezembro
Entrada: 6 € para adultos. Gratuita aos domingos e feriados até as 14h.

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