Mandado construir no século XVIII pelo Rei D. João V em cumprimento de um voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana de Áustria, o Palácio Nacional de Mafra é o mais importante monumento do barroco em Portugal. A cerca de 25 quilômetros de Lisboa, constitui-se em um palácio e mosteiro monumental em estilo barroco. Foi iniciado em 1717 por iniciativa de João V de Portugal, em virtude de uma promessa que o jovem rei fizera se a rainha D. Maria Ana de Áustria lhe desse descendência. Classificado como Monumento Nacional em 1910, foi um dos finalistas para uma das Sete Maravilhas de Portugal a 7 julio 2007. O conjunto arquitetônico desenvolve-se simetricamente a partir de um eixo central, a Basílica, ponto central de uma longa fachada ladeada por dois torreões e tendo na zona posterior um convento para a Ordem de S. Francisco da Província da Arrábida, que foi também ocupado, entre 1771 e 1791, pelos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho.
Construído em pedra lioz da região, o edifício ocupa uma área de quatro hectares, compreendendo 1200 divisões, mais de 4700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. Tal magnificência só foi possível devido ao ouro do Brasil, que permitiu ao monarca por em prática uma política mecenática e de reforço da autoridade régia. Para o Real Convento de Mafra, encomendou o Monarca obras de escultura e pintura de grandes mestres italianos e portugueses, bem como, em França e Itália, todos os paramentos e alfaias religiosas. Na Flandres, encomendou ainda dois carrilhões com 92 sinos, que constituem o maior conjunto histórico do mundo.
Há quem defenda que a obra se construiu por vias de uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia. O nascimento da princesa D. Maria Bárbara determinou o cumprimento da promessa. Este palácio e convento barroco domina a vila de Mafra. Foi classificado como Monumento Nacional em 1910. O trabalho começou a 17 de Novembro de 1717 com um modesto projeto para abrigar 13 frades franciscanos, mas o ouro do Brasil começou a entrar nos cofres portugueses; D. João e o seu arquiteto, Johann Friedrich Ludwig (Ludovice) (que estudara na Itália), iniciaram planos mais ambiciosos. Não se pouparam a despesas. A construção empregou 52 mil trabalhadores e o projeto final acabou por abrigar 330 frades, um palácio real, umas das mais belas bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte. A magnifica basílica foi consagrada no 41.º aniversário do rei, em 22 de Outubro de 1730, com festividades de oito dias.
O convento de Mafra foi criado em pleno esplendor da época das Luzes. Portugal vivia então o apogeu do seu período barroco. Das minas de ouro e pedras preciosas do Brasil saíam riquezas incalculáveis. Mandado construir em 1717 pelo Rei D. João V, compreende uma basílica e um palácio. A fachada principal desta construção majestosa pela arquitetura e pela dimensão tem duzentos e vinte metros. O conjunto do edifício do convento ascende a 40 000 metros quadrados. É o mais vasto monumento português, encimado por duas torres com carrilhões cuja fama chegou aos quatro cantos do mundo. A forte influência italiana esteve em toda a concepção e execução do edifício. A tapada contígua ao convento de Mafra pode ser visitada, proporcionando magníficos passeios a pé.
Durante os anos que duraram os trabalhos de construção do Monumento, ergueu-se em Mafra uma verdadeira “povoação” que ficou conhecida por “Ilha de Madeira”. Para além de albergar as várias oficinas de vidreiros, ferreiros, latoeiros, carpinteiros e pintores – tantos eram os fornos de cal que se estendiam até Cascais – e inúmeras casas de pasto, incluía ainda as barracas de campanha para os soldados, uma ermida de madeira, oito enfermarias, boticas e cozinhas, que mal deveriam chegar para os 45.000 operários, 7.000 guardas e 1270 bois que ali estiveram enquanto se construía o Monumento.
Tendo sido residência de Verão da família real, o Palácio possui várias coleções de origem portuguesa, italiana e francesa executadas por encomenda real, incluindo pintura e escultura barrocas, paramentos e alfaias litúrgicas e pinturas murais de importantes artistas portugueses, como Cirilo Volkmar Machado e Domingos Sequeira.
Foi o Palácio Nacional de Mafra que inspirou o livro Memorial do Convento, de José Saramago. Publicado em 1982, o Memorial do Convento, de José Saramago, narra o período de construção do Convento, em Mafra, em cumprimento de promessa feita pelo rei D. João V. Concomitantemente, é narrada a construção de uma passarola, sonho do padre Bartolomeu com os auspícios do rei, mas perigosamente à margem do Santo Ofício. O padre é ajudado pelo casal Baltasar / Blimunda. Uma das questões corticais neste romance é a fronteira entre a história e a ficção. Saramago não se vê como um escritor histórico mas antes como um autor de uma história na História.
A biblioteca e o mobiliário
O maior tesouro de Mafra é a sua biblioteca, com chão em mármore, estantes em estilo rococó e uma coleção de mais de 40.000 livros com encadernações em couro gravadas a ouro, incluindo uma segunda edição de Os Lusíadas de Luís de Camões. Situada ao fundo do segundo piso é a estrela do palácio, rivalizando em grandiosidade com a Biblioteca da Abadia de Melk, na Áustria. Construída por Manuel Caetano de Sousa, tem 88 m de comprimento, 9.5 de largura e 13 de altura. O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira estilo rococó, situadas em duas filas laterais, separadas por um varandim contêm milhares de volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos séculos XIV ao XIX. Entre eles muitas joias bibliográficas, como incunábulos. Estes volumes magníficos foram encadernados na oficina local, também por Manuel Caetano de Sousa.
A biblioteca do Palácio Nacional de Mafra é considerada a mais bela do mundo pelo conhecido portal norte-americano Book Riot, dedicado exclusivamente aos livros. Depois de eleger a Livraria Lello, no Porto, como a mais bonita do planeta, Portugal volta a conquistar os EUA com a incrível biblioteca escondida no interior deste monumento nacional. “É encantadora”, lê-se. “E o que a torna ainda mais impressionante são as técnicas com que é feita a preservação dos livros e como os protegem de serem danificados por insetos. Há 500 morcegos dentro daquela biblioteca. Durante o dia, estes ficam guardados dentro de caixas, mas à noite são libertados para se alimentarem dos insetos que por ali andam”. Ao todo, chegam a comer o dobro do seu próprio peso em insetos, havendo também lendas de ratazanas gigantes que, à noite, saem da biblioteca por um túnel subterrâneo que a liga a uma zona pesqueira nas imediações.
O portal americano destaca também o “magnífico chão coberto de mosaicos em rosa, cinzento e mármore branco” e para as estantes, todas elas num estilo Rococó, dispostas ao longo das paredes laterais, “separadas por uma varanda com corrimão em madeira”. Estas últimas contêm mais de 35.000 volumes, com capas forradas a couro, incluindo algumas das “maiores jóias bibliográficas”.
Foram os frades arrábidos que nos sécs XVIII-XIX organizaram os 40.000 volumes preciosos da forma sistemática que se mantém até aos nossos dias, e que elaboraram o catálogo onomástico, onde estão registadas todas as obras existentes até 1819. Do valioso espólio destacam-se as obras nacionais e estrangeiras, impressas nos séculos XVI, XVII e XVIII, algumas das quais muito raras, como os 22 incunábulos estrangeiros e 41 cartas geográficas.
Como chegar
De carro, a partir de Lisboa, siga pela autoestrada A-8 e pegue a saída em Venda do Pinheiro; são 55 quilômetros. Do Porto, basta pegar a A-1 até Leiria, entrar na A-8 e, depois, na A-21 até Mafra (com pedágio, 300 quilômetros de distância). Há ônibus todos os dias saindo da estação do Campo Grande, na capital (www.mafrense.pt).