Um dos quadros mais famosos de Monet, “Impression, soleil levant”, mostra o contraste entre o mar e a luz do amanhecer no porto de Le Havre. Quase dois séculos se passaram, e a cidade, que hoje é ícone arquitetônico da França, com o status de Patrimônio da Humanidade pela Unesco, continua encantando também por suas pequenas delicadezas, como sua luminosidade quase mágica e sua vocação natural para arte de vanguarda. Le Havre é uma cidade no noroeste da França, capital do departamento do Sena, no canal da Mancha. Surge no estuário do Sena, em plena Normandia. É um dos principais portos marítimos do país. A sua atividade, bruscamente interrompida pela Segunda Guerra Mundial, após a qual se apresentava quase completamente arrasado, aumentou de forma exponencial e no decorrer dos últimos anos desenvolveu-se ainda mais, e somente o porto de Marselha apresenta um tráfico mais elevado.
O Vulcão
Um símbolo de Le Havre é assinado pelo arquiteto carioca Oscar Niemayer. Ele foi escolhido no final dos anos 1970 para criar o centro cultural de Le Havre, espaço que desempenha um papel semelhante às casas de cultura no Brasil. No coração da cidade, considerado Patrimônio Mundial da Unesco desde 2005, Niemayer projetou uma obra de plasticidade inovadora: O Vulcão. As obras iniciaram em 1978 e foram concluídas quatro anos depois. Ao todo, foram construídos dois vulcões que formam o desenho de uma pomba.
A Casa da Cultura de Le Havre é um jogo de rampas que forma dois blocos, como dois vulcões. O grande tem um auditório e salas de reunião. O pequeno tem um teatro e um cinema. O projeto de Niemeyer, concluído em 1982, tem a forma de dois “vulcões” de concreto com pintura branca que emergem de uma praça rebaixada. As construções ficam nos limites da cidade à beira-mar e contrastam deliberadamente com a arquitetura dominante de Le Havre. Isso, a propósito, é muito distinto. O centro da cidade foi destruído pela luta dos Aliados contra as forças alemãs entre o fim do verão e início do outono de 1944. A maior parte do estrago foi causada por um bombardeio da RAF (Royal Air Force, a força aérea britânica).
Cidade com quase 190 mil habitantes e a principal da Normandia,Le Havre está na região situada no noroeste da França. Está na desembocadura do rio Sena. O nome da cidade significa “O Porto”, já que desde seu início foi importante porto de navegação pelo Rio Sena e pelo mar, pelo Canal da Mancha. Hoje, é o segundo maior porto da França.
Le Havre é o berço do Impressionismo, movimento cultural e marco inicial da arte moderna. Segundo o artista Boudin, foi um “movimento que leva a pintura à pesquisa da luz total do espaço exterior.” O termo surgiu de uma das primeiras obras de Claude Monet, “Impressão, Nascer do Sol” (1872), quando foi analisada de maneira pejorativa por um crítico de arte. O quadro retrata um instante de uma manhã no porto de Le Havre. Eugène Boudin e Claude Monet viviam aqui e se conheceram nas praias da Normandia, quando o primeiro trabalhava com pintura ao ar livre.
A segunda maior coleção impressionista da França está em Le Havre, no MuMa – Musée d’art Moderne André Malraux.
Fundada no séc. XIV, quase nada nos faz lembrar seu passado medieval. Devido sua localização estratégica, a cidade sofreu muito com as duas Guerras Mundiais. E foi na Segunda Guerra Mundial que seus habitantes quase viram a cidade desaparecer do mapa. Como desde 1940 Le Havre havia sido ocupada pelos nazis e se tornado uma base militar dos alemães, sofreu mais de 100 bombardeios pelos Aliados. Em 1944 ocorreu o bombardeio mais forte, e que destruiu o centro e o porto. Buscavam abater os nazis e facilitar a entrada e o avance das Tropas Aliadas.
Dos dois lados do Atlântico, de um hemisfério ao outro, duas cidades brasileiras e uma cidade francesa apresentam uma surpreendente coincidência de destino. Brasília (Brasil) e Le Havre 9França) foram edificadas logo após a segunda guerra mundial por dois renomados arquitetos do século XX. A primeira delas, Brasília, para ser a nova capital do Brasil, por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. A segunda, Le Havre, reconstruída após os terríveis bombardeios de 1944, por Auguste Perret e sua equipe. As duas cidades constituem exemplos incontestáveis de modernidade da arquitetura do pós-guerra.
Em Julho de 2005, a UNESCO adicionou à lista de Patrimônio Mundial da Humanidade o centro da cidade, reconstruído por Auguste Perret. Perret foi um arquiteto de renome do século XX e um ”poeta em concreto” que tinha ao mesmo tempo uma postura inovadora e tradicionalista. Ele encarou com sucesso o desafio diante de si, buscando inspiração na tradição arquitetônica e no desenho, no seu desejo de modernização e de reinventar um exclusivo e aberto centro da cidade, harmonioso e decididamente inovador com uma área de 133 hectares. O centro da cidade de Le Havre, é o primeiro local urbano de século XX a entrar na lista de Patrimônio Mundial da Humanidade.
Le Havre, que conta com cerca de duzentos mil habitantes, confirma-se como uma cidade em perene movimento, com grandes espaços abertos, numerosos monumentos e diversas atividades culturais, mostras e vernissages de grande prestígio que são organizadas constantemente e que fazem da cidade, juntamente com Besançon, Angers, Nantes e Caen, um dos centros culturalmente mais ricos e florescentes de toda a França.