Éfeso, a casa da virgem Maria

Está nos arredores de Éfeso, mais precisamente a oito quilômetros do centro do sítio arqueológico, na Colina de Bullbul-dag (Colina do Rouxinol), um lugar sagrado para cristãos e muçulmanos, a casa onde teria vivido seus últimos nove anos de vida a Virgem Maria, mãe de Jesus.

Segundo a Bíblia, quando foi pregado na cruz, Jesus olhou para sua mãe e perto dela estava o apóstolo São João Evangelista. Dirigindo-se a Maria, disse: “Mulher, eis aí o teu filho!”, e voltando-se para João, falou: “Eis a tua mãe!”. Depois da morte de Jesus, o discípulo levou Maria para sua casa.

 

A partir de então, João cuidou de Maria até a morte dela, aos 61 anos, ou seja, 13 anos e dois meses depois da crucificação de Cristo. Preocupado em proteger Maria, já que muitos cristãos estavam sendo assassinados pelos romanos após a morte de Jesus, o discípulo amado de Cristo levou a Virgem Maria para Éfeso. Embora João tenha vivido na cidade, onde escreveu seu evangelho e pregou o cristianismo, Maria não permaneceu na cidade por muito tempo. O discípulo achou mais seguro construir uma casa nas redondezas da cidade.

A versão de Maria morando nos arredores de Éfeso ganhou força no século 19,  mais precisamente em 1842, ano da publicação, em Munique, dos apontamentos do poeta alemão Clemont Brentano sobre as visões da alemã Katharina Emmerick – beata que sofria com os estigmas de Cristo e viveu parte de sua vida em uma cama, encontrando conforto nas visões que tinha sobre a vida da Virgem Maria. O livro A vida da Virgem Maria segundo as revelações de Anna Katharina Emmerick, publicado após a morte de Clemont, relata com precisão detalhes da forma e localização da casa onde teria vivido Nossa Senhora, como se percebe em trechos do seu último capítulo:

“Maria não vivia em Éfeso,  mas sim nos arredores (…)  A casa se situava no topo de uma montanha, do lado esquerdo de uma estrada que vem de Jerusalém, a cerca de três léguas de Éfeso. (…) Apenas a casa de Maria era de pedra.”

Em 1891, dois padres vicentinos do colégio francês de Esmirna, seguindo as afirmações e orientações das visões da beata descritas no livro, descobrem as ruínas da casa de Maria. Um ano depois, uma comissão de inquérito formada por autoridades da diocese de Esmirna, após a realização de diversas inspeções, decretou a autenticidade da descoberta da casa de Maria, reconhecendo semelhanças inquestionáveis entre as descrições de Emmerick e a edificação redescoberta.

Hoje, a casa de pedra – pequena, rústica e modesta – é chamada de Santuário de Meryemana (A Casa de Maria). Local de silêncio, oração e reflexão. O lugar é tão místico que é difícil descrever com palavras a energia do lugar. Muitas pessoas se emocionam e choram contagiadas pelo clima do ambiente.

No caminho, painéis contam a história do santuário em várias línguas. Apenas a parte central, onde se encontra o altar e uma pequena sala, está aberta ao público. As fotos no seu interior são expressamente proibidas. Há lugares para acender velas e fazer orações. No quintal da casa existe uma fonte, que, segundo a tradição, tem poder curativo. A água ficou conhecida como a Água de Maria. Muitos visitantes enchem garrafas e levam para suas casas ou dão para familiares e amigos. Um pouco à frente, em um muro colorido recoberto de papéis, o retrato fiel da fé em Nossa Senhora: milhares de pedidos e agradecimentos são pregados na parede.

Fiéis deixam pedidos em papeizinhos entre as pedras da casa.

O santuário recebe por ano mais de 800 mil peregrinos. Entre eles, cristãos, cristãos ortodoxos e muitos muçulmanos, já que no Alcorão Maria é  muito respeitada e bastante citada e chamada de várias formas, como a escolhida de Deus, a mulher mais notável do mundo, pura, imaculada, casta.

Sobre a morte de Maria na casa, o Vaticano não se pronuncia. Não existem provas científicas para comprovação da sua morte na Colina do Rouxinol. Uma outra versão seria que Maria teria morrido em Jerusalém. Porém, a casa de Maria já recebeu a visita de três papas: Paulo VI, em 1967; João Paulo II, em 1979, e Bento XVI, em 2006. O local foi considerado sagrado e lugar de peregrinação.

Foi em Éfeso, no século 4,  a primeira igreja dedicada a Virgem Maria em um enorme edifício romano. Nesse templo foi celebrado um importante concílio ecumênico, no qual ficou estabelecido que Maria poderia ser chamada de Theotokos, a mãe de Deus.

O Santuário de Meryemana não tem a ostentação da Basílica de São Pedro, em Roma, e como já foi dito, é bastante simples, mas de uma energia inexplicável. Um lugar imperdível, não só pelo valor histórico, mas pela experiência espiritual surpreendente e mágica. Se você vai a Éfeso, não perca a visitação da casa de Maria, que fica a apenas 8 quilômetros do sítio arqueológico.

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