Ocupando um ponto privilegiado na confluência dos rios Alcoa e Baça, imponente no tamanho, austero em sua serenidade e incrivelmente belo no detalhes, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça é considerado Patrimônio Histórico pela Unesco e é visita obrigatória para quem vai para Portugal. É no Mosteiro de Alcobaça que se encontram os túmulos de D. Pedro I (1320-1367) e de Inês de Castro (1320-1355), protagonistas de uma das mais conhecidas histórias de amor da Idade Média europeia.
Com uma área geográfica de 408 quilômetros quadrados, Alcobaça pertence ao distrito de Leiria e à Associação de Municípios do Oeste. Situado entre os conselhos de Caldas da Rainha e Nazaré, Alcobaça dista cerca de dez quilômetros do oceano Atlântico e a 100 de Lisboa. Casa mãe da Ordem de Cister em Portugal, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, ou simplesmente Mosteiro de Alcobaça, é um dos mais importantes testemunhos cistercienses em toda a Europa.
Em 7 de Julho de 2007 o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal. Em 1834 os monges foram obrigados a abandonar o mosteiro, na sequência da expulsão de todas as ordens religiosas de Portugal por Joaquim António de Aguiar, um inimigo da Igreja.
Túmulo de D. Pedro I
D. Pedro I casou em 1336, em segundas núpcias, com D. Constança Manuel (1318-1345), uma princesa castelhana. Devido a várias guerras entre Portugal e Castela, D. Constança só chegou a Portugal em 1339. No seu séquito, ela trazia a camareira Inês de Castro, que provinha de uma antiga e poderosa família nobre castelhana. D. Pedro I apaixonou-se por ela. Em 1345, D. Constança morreu catorze dias após o parto do seu filho sobrevivente, D. Fernando I. D. Pedro I passou a viver publicamente com D. Inês, nascendo desta relação três filhos. O pai de D. Pedro I, D Afonso IV, não aceitou esta relação, combatendo-a e, em 1335, condenou D. Inês à morte por alta traição. Após subir ao trono, D. Pedro I vingou a morte da sua amada (afirmando ter-se casado com ela em segredo no ano de 1354) e decretou que se honrasse D. Inês como rainha de Portugal.
Amor eterno
No dia 1 de Agosto de 1569, o rei D. Sebastião I (1554-1578), cujo tio era o cardeal D. Henrique, abade de Alcobaça, mandou abrir os túmulos. De acordo com os relatos de dois monges presentes, enquanto os túmulos eram abertos, o rei recitava textos alusivos ao amor de D. Pedro e de D. Inês. Durante a Invasão Francesa do ano de 1810 os dois túmulos não só foram danificados de forma irreparável, como ainda foram profanados pelos soldados. O corpo embalsamado de D. Pedro foi retirado do caixão e envolvido num pano de cor púrpura, enquanto a cabeça de D. Inês, que ainda continha cabelo louro, foi atirado para a sala ao lado, para junto dos outros sarcófagos. Os monges reuniram posteriormente os elementos dos túmulos e voltaram a selá-los. Após o ano de 1810, os túmulos foram sendo colocados em vários sítios da igreja, para voltarem à sua posição inicial no transepto, frente a frente, em 1956. Agora, os túmulos são o destino de muitos apaixonados, que muitas vezes os visitam no dia do seu casamento, para fazerem juras de amor eterno e de fidelidade defronte aos dois túmulos.
Dentro do Mosteiro, realmente o destaque para os túmulos de D. Pedro e Dna. Inês de Castro, uma história de amor comovente contada por Camões nos Lusíadas impressiona: a de um rei, que enquanto príncipe não pôde se casar com sua amada, por oposição do seu pai. Quando esta foi morta por enviados de seu pai, D.Pedro se rebelou contra este, e após a morte do Rei, mandou prender e arrancar o coração dos carrascos. E uma vez nomeado Rei, mandou coroar Inês de Castro rainha de Portugal, mesmo morta, fazendo com que todos beijassem a sua mão. E principalmente, mandou fazer os túmulos de cada lado do mosteiro, frente a frente para poderem se encontrar nesta posição no dia do Juízo final. Misto de história e lenda, mas é fato que os túmulos estão lá, esperando ainda esse dia do reencontro. Feitos com calcário da região de Coimbra, os túmulos têm autor desconhecido. De um lado estão os restos mortais de Inês de Castro e do outro, repousa o corpo de D. Pedro I que veio a falecer em 1367, 12 anos depois da sua amada. Nas bases da arca de Inês estão os bustos dos três assassinos e há representações da Infância e Paixão de Cristo, o Calvário e o Juízo Final. Já a própria Inês é retratada coroada de rainha.
Além dos lindos túmulos do casal, vale a pena visitar a cozinha (que possui um córrego passando pelo meio dela, onde os monges pescavam), o Claustro do Silêncio e a Sala dos Reis, com estátuas de quase todos os reis portugueses. Tente fazer a visita guiada, mas se não der, não esqueça de pegar um mapinha antes de começar a visita, pois o lugar é enorme e se “perder” lá dentro não é raro de acontecer
O Mosteiro de Alcobaça começou a ser construído em 1178. Ao longo dos séculos seguintes várias reformas e acréscimos foram sendo realizados e o complexo virou uma mistura de estilos arquitetônicos, com predominância do gótico, mas com toques manuelinos e barrocos, como a linda fachada do edifício.
O piso superior do claustro, o Sobreclaustro, foi acrescentado à construção posteriormente, no século XVI, e por isso ostenta um estilo arquitetônico diferente, com traços manuelinos. Lá ficavam os dormitórios, mas a maior atração quando se sobe as escadas talvez seja a vista do jardim e da lateral da igreja que se tem lá de cima.
O primeiro claustro e a igreja foram possivelmente completados em 1240. No entanto, é provável que o claustro se tenha desmoronado. Entre 1308 e 1311 ele foi substituído pelo ainda hoje existente Claustro de Dom Dinis ou Claustro do Silêncio, nome que se deve à proibição de conversação naquele tempo nesse local. O seu comprimento à volta é de 203 m e o seu rés-do-chão tem uma altura média de 5 m. Por ordem do rei D. Manuel I (1469-1521), no início do século XVI, foi adicionado um segundo andar ao claustro. O acesso ao piso superior do claustro efetua-se por um púlpito, uma escada em caracol na parede, interligando também a cozinha ao dormitório.
REFEITÓRIO
A oeste e ao lado da nova cozinha encontra-se o Refeitório, a sala de jantar dos monges brancos. O Refeitório era constituído por um pavilhão com três naves. Por cima da entrada encontra-se uma inscrição em latim de difícil interpretação: respicte quia peccata populi comeditis (lembrem-se que estão a comer os pecados do povo). A sala impressiona pelas suas proporções harmônicas, possuindo janelas tanto do lado norte como a leste. Do lado oeste, uma escada de pedra conduz ao púlpito do leitor, que lia textos da Ordem durante as refeições. Os monges sentavam-se com os rostos virados para a parede e tomavam a sua refeição em silêncio. O abade estava sentado com as costas viradas para a parede a norte e observava a sala. No lado oeste da ponta a sul, o Refeitório abria-se para a antiga cozinha medieval, hoje uma sala lateral, que conduz ao claustro de D. Afonso VI. Alguns metros à frente, encontra-se na mesma parede uma abertura de dois metros de altura e 32 cm de largura, que conduz à sala, não existindo nenhuma explicação científica para ela. De acordo com uma lenda, esta abertura destinava-se ao controle do peso dos monges. Uma vez por mês, os monges tinham de passar por esta porta, o que só era possível fazendo-o de lado. Se, devido ao excesso de peso, os monges não conseguissem passar pela abertura, eram obrigados a fazer dieta. Os danos causados pela transformação em 1840 do Refeitório num teatro (com 301 lugares, dos quais 120 nas galerias e 5 camarotes) foram remediados durante a sua restauração. Veja o site oficial CLIQUE AQUI.
Como chegar em Alcobaça?
O ideal é mesmo ir de carro, seguindo pela estrada A8 em direção a Leiria, mas há ônibus de Lisboa direto para Alcobaça. A rodoviária da cidade fica a 2 km do monumento e a viagem dura quase 2 horas. Consulte horários e valores no site da Rede Nacional de Expressos. E para aqueles que não vão de carro, mas também não querem ir por conta própria, saibam que existem diversas excursões para lá, geralmente combinadas com Fátima e Batalha.
Passear pelas ruas desta cidade é muito gratificante. Saiba que o melhor miradouro da cidade e dos seus campos adjacentes encontra-se no morro do castelo em ruínas. Nos seus arredores oferecem belas panorâmicas o adro da Capelinha de Santa Rita, na serra do Monte em Coz; o lugar de Montes; a capela de Santo António, em São Martinho do Porto; e a Portela do Pereiro, no cimo da serra dos Candeeiros.
Gastronomia
Também em frente ao Mosteiro de Alcobaça, o turista conta com diversos cafés com esplanadas, onde se pode sentar-se para apreciar a paisagem, ver o tempo passar e olhar a grandiosidade do Mosteiro, bem como o trabalho arquitetônico realizado há mais de 1.000 anos por artistas natos; numa época onde os recursos eram poucos, porém o amor pela arte, grande!!!!! Saiba que o prato típico da região de Alcobaça é o frango na púcara: um frango guisado aos pedaços com bastante molho de receita secreta, mas que inclui cebolinho, acompanhado de arroz branco e batatas fritas. No campo da doçaria há a destacar: trouxas de ovos, delícias de Frei João e Pudim de ovos do mosteiro de Alcobaça. E o pão-de-ló de Alfeizerão (conhecidíssimo), já em 1906 referenciado por M. Vieira Natividade no seu opúsculo Alcobaça d´Outros Tempos.
Horário de Funcionamento:
De outubro a março: das 9h às 17h (entrada até as 16h30)
De abril a setembro: das 9h às 19h (entrada até as 18h30)
Fechado nos dias 1º de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1º de Maio e 25 de Dezembro
Entrada: 6 € para adultos. Gratuita aos domingos e feriados até as 14h.